O Convento de Mafra deixou marcas em Lara. Saber que sua mãe a verdadeira M. ainda poderia estar viva se tornou um novo mistério, mais pessoal do que qualquer cifra decifrada. Ela e Helvio decidem seguir a única pista deixada por Celeste: o "Arquivo da Cúmplice", expressão codificada que só M. e L. conheciam.
Consultando registros históricos e cruzando dados do diário, Helvio acredita que o "arquivo" está escondido no acervo de uma antiga livraria em Sintra, fechada desde os anos 80, mas que pertenceu a um casal de livreiros perseguidos pela censura.
Com a ajuda de um contato nos arquivos municipais, Helvio consegue acesso ao local. A livraria é um espaço congelado no tempo livros empoeirados, móveis carcomidos, papéis amarelados. No fundo, um armário embutido traz marcas idênticas às do esconderijo onde foram achadas as primeiras cartas.
Ao remover um painel de madeira, eles descobrem um compartimento. Lá, uma pasta de couro com o selo de uma organização extinta: "Movimento Popular de Resistência Poética". Dentro, mais cartas. Não entre M. e L., mas entre L. e um terceiro remetente: C. Celeste.
As cartas revelam uma faceta inesperada: Celeste era mais que cúmplice. Era amante de L. e articuladora dos planos de fuga. Além do mais, revela-se que L. não era Joaquim Vieira, como Lara pensava. Joaquim só criou a identidade de L. após a traição, para assumir a filha e apagar as pistas do verdadeiro envolvido um homem ainda vivo, escondido sob uma nova identidade.
Lara confronta Helvio:
Então... meu pai não era L.?
Seu pai foi cúmplice da traição, sim. Mas L. era outro. Um nome que nunca apareceu. Ainda.
Ao final, entre os papéis, um bilhete manuscrito por M., de 1971:
"Se Lara algum dia chegar até aqui, saberá que seu verdadeiro pai nunca deixou de procurá-la."
Lara segura o bilhete com as mãos trêmulas. Helvio a abraça. O enigma não acabou. Ele acaba de ganhar uma nova camada.
E em uma casa isolada no Alentejo, um senhor de cabelos brancos lê um jornal antigo sobre as cartas descobertas. Ele dobra a página com cuidado e diz ao espelho:
Então ela vive. E nossa filha descobriu.
"Esta obra é uma ficção. Qualquer semelhança com nomes, pessoas, fatos ou situações da vida real terá sido mera coincidência."